sexta-feira, 8 de agosto de 2008

ARQUITETURA

Nossa segunda postagem irá abordar a arte e arquitetura do Brasil no século XIX. A chegada da Corte Portuguesa ao Brasil em 1808, indubitavelmente foi a grande mentora do espírito neoclassicista em nosso país. Nas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras décadas do século XIX, esse movimento expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade européia após a Revolução Francesa e principalmente com o império de Napoleão, que espalhou a tendência pelo Velho Continente. No Brasil, o objetivo de D. João VI era estabelecer uma Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.É possível afirmar que a influência neoclássica se deu no Brasil em dois níveis diferentes. Nos centros maiores do litoral, especialmente Rio de Janeiro, Belém e Recife que tinham contato direto com a Europa, desenvolveram um nível mais complexo de arte e arquitetura e se integrou nos moldes internacionais da sua época; e nas províncias.
De acordo com a tendência neoclássica, uma obra de arte só seria perfeitamente bela quando não imitasse as formas da natureza, mas as que os artistas clássicos gregos e renascentistas italianos já haviam criado. E esse trabalho de imitação só seria possível através de um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da ARTE CLÁSSICA. Por isso, o convencionalismo e o tecnicismo reinaram nas academias de belas-artes, até serem questionados pela arte moderna.
Em 1816, desembarca no Brasil a Missão Artística Francesa, contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro uma Escola de Artes e Ofícios. Nela está, entre outros, o pintor Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da época. Em 1826 é fundada a Academia Imperial de Belas-Artes, futura Academia Nacional, a qual muito utiliza da tendência neoclássica europeéia e atrai outros pintores estrangeiros de porte, como Auguste Marie Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros desse período são Manuel de Araújo Porto-alegre e Rafael Mendes Carvalho, entre outros.
No Brasil o neoclassicismo torna-se evidente na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de Montigny (1776-1850), que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética neoclássica ao clima tropical. Na pintura, a influência neoclássica se direciona ao romantismo. A composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romântica. Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo mais simples e objetivo e pela temática voltada para a natureza. Os seus principais poetas encontram-se em Vila Rica, centro cultural do Brasil na época.

Referências Bibliográficas

UFSC-Arquitetura
PUC-Arquitetura no Brasil
Wikipédia-Arquitetura do Neoclassicismo
Wikipédia-Neoclassicismo


TEXTO ESCRITO PELA ALUNA GEORGIA



ARQUITETURA

“As ruas tinham um traçado singular, eram estreitas e se cruzavam em ângulo reto. Eram chamadas de Ruas e Travessas”. ROBERT WALSH





Acredite, em várias cidades brasileiras ainda há vestígios de uma arquitetura bela, rica e até mesmo soberba, trazida por D. João e a Corte. Até 1808, a cidade tinha ares pacatos e um cotidiano sem luxos. Não era possível encontrar a vaidade arquitetônica nas fachadas coloniais. Analisemos as mudanças ocorridas no Rio de Janeiro.
Antes da chegada da corte portuguesa, as regiões de Botafogo e Flamengo eram consideradas áreas rurais. Tinham apenas algumas chácaras isoladas. A colônia só mantinha comércio com Portugal, então navios estrangeiros não podiam entrar na Baía da Guanabara, o que criava um certo vazio no porto. A monotonia da arquitetura colonial, marcada por construções simples de pedra bruta e argamassa começava a mudar. No entanto, ainda predominavam casas baixas e sem vidros nas janelas – geralmente fechadas com gelosias, uma espécie de tela de madeira comum no período. O Palácio dos vice-reis – Paço Imperial -exibia um andar a menos na parte central e era um dos prédios mais belos da cidade. Tinha três pavimentos na lateral com vista para a praça e outros dois na lateral oposta.
O Campo de Santana dividia a área urbana e a rural. A única construção da época pré-joanina era a igreja que deu nome ao lugar. Os mangues nos arredores funcionavam como aterros, onde se jogavam barricas com dejetos. Já a Quinta da Boa
Vista, foi onde o comerciante Elias Lopes construiu a mansão que, em 1808, seria presenteada a dom João. Era uma das mansões mais chiques da cidade, entretanto ficava localizada numa região isolada, cercada de mangues. A região do Morro do Castelo, abandonada, onde a cidade nasceu, servia de abrigo para a marginalidade, que vivia em condições consideradas precárias até mesmo para a época.
Após a chegada em 1808 e com a permanência da corte na Capital do Brasil, Rio de Janeiro, surgiram novas ruas ou as antigas foram alargadas; pântanos e charcos, foram drenados; e o Rio se expandiu e povoou-se para além das imediações do alagadiço centro para chegar a Botafogo, São Cristóvão, Laranjeiras, Glória, Catete, Estácio, Quinta da Boa Vista, Tijuca e Engenho de Dentro.
Dom João mudou completamente os conceitos arquitetônicos brasileiros da época. No Rio de Janeiro, além de trazer novas concepções, foi responsável por urbanizar a cidade A sua vinda para o Brasil também ficou marcada pela grande intervenção urbanística. Ele manda pintar as casas e construir prédios, como o Teatro São João. Botafogo e Flamengo tornaram-se bairros emergentes. Na época de dom João, muita gente ligada à nobreza passou a ocupa chácaras nos arredores. A própria princesa Carlota Joaquina chegou a ter uma residência em Botafogo –Botafogo que era verdadeiro areal praticamente inabitado, se tornara rota de passagem para prática de cavalgadas ou local bucólico, perfeito para admiração da natureza. Os portos foram abertos, e os estrangeiros chegaram em peso. Até 1807, o Brasil era a última porção de terra do planeta proibida aos estrangeiros. Ninguém entrava aqui. O resto do mundo já tinha sido mapeado e era razoavelmente conhecido. Havia muita lenda em torno do Brasil. De tribos canibais, de povos exóticos, uma natureza diferente, tesouros. Navios com bandeiras de vários países passaram a freqüentar a Baía da Guanabara desmistificando a terra misteriosa. A seção central do Paço Imperial ganhou um terceiro piso. A fachada voltada para o Convento do Carmo anexou, para a coroação de Dom João VI, a varanda monumental, retirada mais tarde Durante o Segundo Reinado.
A substituição das casas térreas foi acelerada. Entre 1808 e 1818, mais de 600 sobrados chiques foram construídos, a maioria com grandes fachadas neoclássicas. No Campo de Santana a transformação foi completa. A região passou a abrigar o Museu Real, um parque com jardim e um quartel do Exército. Em pouco tempo, apareceram várias construções importantes, incluindo a prefeitura. Tudo que a nobreza fazia, os cariocas ricos imitavam. Visto isso, é natural que os arredores da Quinta da Boa Vista se tornassem disputados. A residência oficial de Dom João passou por reformas, mas só ganhou nova fachada, em estilo gótico, nas bodas de dom Pedro I, em 1816. Muitos moradores despejados para acomodar a corte acabaram indo parar no alto do morro. A região tornou-se uma espécie de predecessor das favelas. Em 1922, o Castelo foi destruído em nome da modernidade.

Aqui seguem trechos de registros feitos por personalidades que estiveram no Brasil nesse período.

Montamos nossos cavalos e nos dirigimos para a Lagoa das Freitas (Lagoa Rodrigo de Freitas) até o Jardim Botânico e a Fábrica de Pólvora(...) Mas, como havia lua cheia, tivemos uma linda luz para voltar a Botafogo, embora as nuvens parecessem indicar uma tempestade (...).(29 de julho, 1825) GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.14

Jantei com Mr. Vidal e, em seguida, remamos até botafogo para visitar Mr. Grigg, um dos membros da comissão mista (...). A baía de Botafogo estava maravilhosa e muitos brasileiros passeavam à cavalo e dirigiam carros sobre suas areias que são duras e muito brancas. O sol se punha e uma deliciosa frescura substituiu o calor do dia. (Domingo, 15 de fevereiro, 1835) GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.49

Seguindo o plano brumoso do Pão de Açúcar, descortina-se, através das nuvens da manhã, o pico recurvo do Corcovado, cuja base termina à beira-mar na praia do Flamengo, outrora deserta e cujas lindas casas, recentemente construídas, escondem, hoje, o bairro do catete. Este continua até Botafogo, enseada bastante bela. JEAN BAPTISTE DEBRET. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1816-1831); p.157

Partimos logo após o nascer do sol e fomos de carro até a casa deles na baía de Boto Fogo [botafogo], talvez a mais bela vista nos arredores do Rio, cidade tão rica em belezas naturais. Seu encanto é realçado pelas inúmeras e belas casas de campo(...). Todas surgiram com a chegada da côrte de Lisboa. (21 de dezembro de 1822) MARIA GRAHAM. Diário de uma viagem ao Brasil; p.199

“O chão sobre o qual pousa hoje a bonita e regular cidade nova achava-se em 1807 alagado, (...) oferecia baixos e estreitos trilhos sobre os quais se atravessava. Muitos dos prédios tanto da rua e praia de Valongo, enseada da Gamboa, Saco dos Alferes e outros lugares a este próximos, e também as novas ruas de casas dos bairros Catete, Flamengo, Botafogo e São Cristóvão, todos já tornavam-se notáveis em 1816 por numerosas edificações.” EMILIO JOAQUIM DA SILVA MAIA. Instituto Histórico e geográfico Brasileiro. – Manuscrito. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo oitavo. Progresso material no Rio de Janeiro. Estabelecimento de tribunais e criações úteis. Outros melhoramentos em várias províncias. Pelo Dr. Emilio Joaquim da Silva Maia. S.I., s.d. (33p), Lata 345, documento.

Muitos pontos interessantes aqui destacados, despertaram a nossa curiosidade: e hoje, como está a paisagem do Rio de Janeiro nas diversas regiões abordadas?

O Bairro de Botafogo atualmente continua a ser um bairro de classe média e média-alta. É praticamente uma mini-cidade dentro da grande metrópole que é o Rio de Janeiro, possuindo de tudo um pouco: cinemas, teatros, shoppings centers, boates, casas de show, museus, centros empresariais, consultórios médicos, consulados, clínicas e hospitais e, no meio disso tudo, algumas mansões preservadas do início do século XX e fim do século XIX. Da mesma forma, aqueles que foram marginalizados da sociedade no período Joanino e tiveram os morros oferecidos como moradia em precárias condições, criaram um modelo de periferia ainda hoje existente. Vemos então, que a estrutura da cidade do Rio de Janeiro hoje, nada mais é que um reflexo desenvolvido e expandido das heranças da estrutura de uma sociedade modificada há duzentos anos.









Referências Bibliográficas

Revista de História Edição Especial
Casa Rui Barbosa

Casa Cláudia


TEXTO ESCRITO PELA ALUNA GEORGIA

Nenhum comentário: