terça-feira, 12 de agosto de 2008

É UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA!


O ano de 1808 vem a ser muito importante no aspecto de decoração da casa brasileira. A família real veio acompanhada de mais de 10 mil pessoas, que recriaram aqui suas casas e seus hábitos.
O fato de o Brasil ter permanecido como colônia portuguesa até 1822 fez com que nosso mobiliário fosse um natural desdobramento do mobiliário português, com a chegada da família real ocorreu uma transformação radical na decoração.
Centenas de bagagens contendo roupas, louças, faqueiros, jóias e objetos pessoais eram despachados para as docas. No total, a caravana tinha mais de 700 carroças, segundo Laurentino Gomes. Fora isso, trouxeram também a prataria das igrejas, 60 mil livros da Real Biblioteca, ouro, diamantes e dinheiro do tesouro real.
ATÉ 1808...
A casa típica colonial tinha uma pequena horta e um pomar, além de local para a criação de porcos e galinhas. A cozinha ficava do lado de fora da casa, como ainda hoje acontece no interior do país. Quando a família real desembarcou, a base da alimentação do brasileiro, como já vimos, eram o feijão, a farinha e a carne-seca, juntados em bocados no prato de barro e levados à boca com a mão, e tudo muito apimentado. Os homens, ainda, costumavam utilizar a faca que traziam sempre à cintura para levar o alimento à boca.
Era usual realizar as refeições no chão, sobre esteiras. O dono da casa, às vezes, sentava-se em tamboretes e os senhores mais abastados se acomodavam em cadeiras de espaldar alto. O termo 'costas largas', aplicado aos homens de autoridade e poder, vem desse período, pois só membros da aristocracia podiam encomendar essas cadeiras. A mesa, quando existia, não passava de uma tábua apoiada sobre cavaletes e era montada na hora, sem toalha, hábito que deu origem a mais uma expressão que utilizamos: pôr a mesa- afinal, os escravos realmente tinham que botar a mesa para a realização das refeições. Não havia guarda-roupa ou guardalouça. Os utensílios e as roupas ficavam em baús, arcas e canastras. Além disso, dormia-se muito cedo e geralmente em redes. 1808: o cotidiano simples e monótono da colônia se transformou...
LUXO E RIQUEZAS
A primeira mudança, que teve início imediatamente quando dom João desembarcou, foi a moda do turbante: devido à infestação de piolhos nos navios, durante a travessia do Atlântico, as mulheres da corte tiveram de raspar a cabeça e chegaram ao Brasil escondendo as carecas em turbantes improvisados. Não demorou para que as cariocas aderissem ao que pensavam ser a última moda a Europa.
O espaço urbano teve de ser repensado e recriado: ruas foram alargadas porque não comportavam as novas carruagens, a fachada das casas foi modificada, tudo para dar à cidade o aspecto da capital do império. Dom João determinou que as janelas de madeira fossem substituídas por modernos balcões envidraçados e, para isso, autorizou a construção de uma fábrica de vidro.
A suspensão das proibições comerciais e industriais, ao lado da abertura dos portos, fez com que a vida ganhasse um ritmo até então desconhecido. A cidade foi inundada por produtos nunca vistos, que iam de peixe salgado e queijos holandeses a cobertores de lã e patins de gelo- o que mostrava que os comerciantes não sabiam nada sobre o clima do país. Para que a vida deixasse de ser tosca e acompanhasse os tempos da realeza, muitos itens entraram na rotina. Água de colônia, diversas essências e vinagres para toucador e para mesa, luvas, suspensórios, sabão, leques de vários tipos, escovas e pentes, sapatos e chinelos de seda e marroquim para homens e senhoras, botas de Paris, caixas de tabaco, caixas de costura, velas e azeite clarificado para lustres, mesas e espelhos de toucador, pêndulos, relógios de repetição e livros franceses.
Na bagagem da corte vieram os primeiros móveis para acomodar vários novos hábitos. Muitos armários de jacarandá, guarda-louças, papeleiras, cristaleiras, camas, escarradeiras, candelabros e lustres de cristal franceses. Novos cômodos surgem, como a sala de jantar e o conjunto da sala de visitas - cadeira de braço, cadeira de balanço, mesinha, canapé (espécie de sofá com a estrutura de madeira visível) e os consoles.
Nas peças de jacarandá, mogno, vinhático ou cedro, era importante conjugar duas qualidades: sobriedade e frescor. O estilo conhecido como dona Maria I é sobreposto pelo chamado império brasileiro: "Esse foi o estilo que melhor caracterizou a nova fase da história brasileira - país independente, tropical, sob um regime monárquico", cita Marize Malta, professora de história do mobiliário da UFRJ. Além de cômodas, cadeiras, canapés e mesas, surgiram outros móveis: marquesas, cadeiras de balanço, bufês e cristaleiras, que passaram a ser adornados com entalhes em formato de cisnes, ramos de café e de louro, garras de leão.

Foram sendo abandonadas as linhas retas e pesadas do estilo colonial e a beleza dos móveis passou a ser mais valorizada.
Os estilos de decoração se sucedem e começa com o estilo Dona Maria, seguido pelo estilo D. João VI, Luís Felipe e o Beranger.

Dona Maria I – Esse estilo é marcado pela volta à sobriedade, preferência da linha reta e composição regular. As peças mais importantes foram criadas por Sheraton e importadas da Inglaterra.

D. João VI – É reconhecido pelo seguintes detalhes : jacarandá preto, estrutura plana , gavetas com aplicações quadrantes e em forma de cunha.

Luís Felipe- São linhas sinuosas cheias de harmonia e leveza tendência para a linha barroca.

Beranger – Caracterizam pelo entalhamento de flores e frutas em consoles, cadeiras e especialmente em sofás os quais apresentam cheios de curvas, encostos muitos trabalhados e assento geralmente de palhinha.
Há inúmeras manifestações artísticas, todas buscando reviver os estilos antigos, numa grande mescla de influencias mas com o tempo os detalhes passaram a ser misturados no mesmo móvel, o que originou o estilo Hibrido Brasileiro.
"Quando dizemos que a sociedade se sofisticou é porque parou de comer com a mão para comer com o talher, trocou o prato de barro pelo prato de porcelana, a esteira pela cama. Foi o início de um processo que daí em diante não se deteve mais. Mas a verdadeira sofisticação, da forma como a entendemos modernamente, só se implantou bem depois, no fim do século 19", explica Vera Tostes.
Nesse site aqui há imagens muito interessantes sobre a mobiliária trazida pela realeza para compor a casa brasileira:
Eu, Georgia, fiz uma apresentação de slides com narração explicando a utilidade de cada móvel. No entanto, por algum erro de edição as narrações infelizmente não aparecem. Se for do interesse dos professores posso enviar por e-mail.

Fontes usadas foram capturadas 8 de agosto de 2008.
Decoração Brasileira, Ruth Laus
Casa Cláudia
Gazeta do Povo

TEXTO ESCRITO PELOS ALUNOS GEORGIA E MARONÊS

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